sábado, maio 21, 2005
Cidade dos Diários #2
O espectáculo Cidade dos Diários , a mais recente criação do colectivo Visões Utéis ; tem ,como ponto (s)de partida :
um diário de um herbanário,
um acidente de dois aviões -onde,alegadamente devido a ordens erradas do controlador aéreo faleceram a totalidade dos passageiros,97; na sua maioria turistas -crianças e famílias;
um anúncio de um cadáver não identificado.
Num grupo que celebrou recentemente dez anos de existência( o teatro,que é por essência efémero vive atualmente uma condição de perenidade,facto que se revela inclusive nos balanços e retrospectivas traçados sobre os grupos )reencontram-se aqui alguns temas caros : o tempo,o lugar, e a memória.
A acção,tem lugar numa gare de aeroporto- sublinhe-se pela positiva ,a transformação do espaço
de representação/demarcação da linha de actuação dos interprétes
- a proximidade junto destes intimida e ao mesmo tempo coloca o espectador no lugar de acção, anulando a sua individualidade.
por aqui atravessam um investigador ( que cuida do inquérito do controlador aéreo; uma personagem carismática que parece saida de uma prancha de bd dos anos 50) menina dos
perdidos e achados
( não suporta a solidão, vive um perpétuo mal-estar, enche o espaço de pequenas trivialidades,inventa estórias para os obejctos que guarda ,é uma imagem exasperante de uma sociedade que desaprendeu o silêncio)a estrangeira( personagem catalisadora do final e principal interrogadora do sistema )o metereologista que anuncia o tempo chuvoso que tarda em vir "voçê é o rosto do falhanço" diz-lhe a certa altura o investigador; o controlador aéreo suspenso de suas atividades temporariamente .
Omnipresente encontra-se também uma tela de vídeo onde se projectam imagens de relatos,histórias paralelas,mas também dos actores em sala de ensaio ora acentuando a personagem ora quebrando a ilusão.
Um trabalho que coloca várias questões em aberto, sendo apenas de lamentar que a interpretação por vezes oscile , quer entre os intervenientes quer pela ambiguidade ( a relação peso real/ ficcional nem sempre é clara ,confundindo o espectador).
para saber mais: www.visoesuteis.pt
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