sexta-feira, julho 25, 2008

Para desfazer todas as dúvidas- hypomnemata no rivoli

Carta Aberta aos Associados da Plateia – Associação de Profissionais de Artes Cénicas Excelentíssimos Menbros da Direcção da Plateia Caros colegas é com um enorme prazer que comunico que tive um projecto apoiado pelos pontuais , e que este estreia no dia 18 de Julho próximo no Rivoli- Pequeno Auditório. Lida a primeira metade da frase , que pouco teria de surpreendente , consigo imaginar o espanto e a imediata retenção do local de apresentação – Rivoli- com consequências imediatas de politização. Não estranho – estive lá nas batalhas, nas petições a torcer pela Plateia por um teatro para todos (e aqui é importante sublinhar o para todos , do mesmo modo que discordo da forma como foi atribuida,também seria contra o Fantasporto ou uma única companhia residente ). Não se trata de uma questão de estética teatral, embora tantas vezes pareça. Alguns de voçês , perguntar-se- ão , então : porquê o Rivoli, Renata? Poderia responder com um : Porque não? Mas a resposta é simples : espaços versus tempo de ensaios versus custos versus condições. Não preciso enumerar a lista dos espaços disponíveis no Porto, realidade que alguns de voçês conhecem muito melhor para afirmar que: tendo a resposta sido comunicada em Abril , pretendendo eu estrear em Julho ,antes do fim da temporada deste ano , de forma a circular com o espectáculo de Setembro de 2008 a Dezembro de 2009 , quase todas as salas tinham já a sua programação fechada , inclusive até ao final do ano ( ex: Helena Sá e Costa , Teatro Campo Alegre ) . Não se conhece no Porto locais de acolhimento , ou os que existem não funcionam de forma suficiente. Mais uma vez , para quem está habituado a fazer a produção do seu próprio espectáculo , saberá do que estou a falar. E eis que sobram os “ espaços alternativos”. Been there, done that, seen it. Existem mas com escassas condições. E agora , a questão económica ( fundamental quando os apoios são poucos , e se é um criador independente , e não uma companhia que partilha despesas ) : as salas de teatro custam em média 600 euros por noite ( sem técnicos). Uma sala alternativa sem equipamento obriga a aluguer de material ( dispara para o preço de aluguer tradicional). Uma sala que faça bilheteira leva normalmente 20% . A Câmara Municipal do Porto que continua a gerir o Pequeno Auditório ( esta é uma nota importante: não é a produtora do La Féria que decide ou intervêm sobre esta sala , não prestam apoio sequer , é um teatro desdobrado ) ; cedeu-me graciosamente a sala mediante 5% da bilheteira , durante 10 dias em Julho , com equipamento incluído. E agora , permitam-me afirmar peremptoriamente : jamais sacrificaria a qualidade de um espectáculo a uma qualquer sensibilidade política. Mais : a única forma de propor , ou contestar é oferecendo alternativas, criando . Nota final : alguns de voçês conhecem-me como colega , outros como espectadora assídua e atenta ao longo dos anos , outros como ex-menbro da Plateia do núcleo de conversas promovendo os espectáculos da cidade. Nota comum a estas facetas: a atenção ao trabalho dos outros , o estímulo de diferentes visões. Espero reencontrar-vos , lá , saudando mais um projecto, mais uma vitória , um trabalho de toda uma equipa e o reencontro de um criador do Porto com a sua sala de sempre. Até lá Renata Portas

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