domingo, outubro 05, 2008
O pranto de maria parda, uma lição de teatro
Ontem à noite, na estreia do Festival Cómico da Maia, apresentou-se o espectáculo " O pranto de Maria Parda" , Gil Vicente, interpretado por Maria do Céu Guerra.
No final, houve uma conversa com a actriz , com os presentes e tive o prazer de , munida de coragem , ir cumprimentá-la aos bastidores.
tudo que se possa dizer ou escrever é supérfluo, e ínfimo.
quando se assiste a um milagre teatral, lembra mo-nos que tudo começa e termina no actor.
que esse é o maior dos mistérios.
que o encenador, papel que tenho desempenhado mais frequentemente ( e com extrema felicidade) sonha mundos,engendra-os, persegue-os.
mas o actor habita-os .
e porque sabemos , que o teatro pode ser um milagre, o mais humano de nossos espelhos ( e o mais falho) sofremos dilacedaramente quando tal não acontece.
e lançamos impropérios, queixumes, vitupérios.
por vezes perdemos o norte , ou a razão desta profissão.
e , numa noite igual a outras tantas, numa sala repleta de público atento dá-se o milagre da suspensão ( do tempo, espaço, da vida).
e uma Actriz, enorme Fazedora de Teatro deste país (re)lembra-nos que é possível não só sonhar, mas fazer.
e quando ouvimos , nas bocas de outros , infinitamente mais sábios que nós , o teatro como missão ou profissão de fé , crítico mas com um brilho no olhar , sabemos que não somos D. Quixote , pregando ao vento.
seremos poucos, talvez, dispersos.
mas existimos .
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