quinta-feira, janeiro 22, 2009
O que andamos a ler
Se o nome de Jorge de Sena só passa a figurar nos palcos portugueses a partir de 1978 , é razão para nos questionarmos que tipos de Censura obstaram à sua realização como dramaturgo de pleno direito. Mas quaisquer que tenham sido as origens da restrição , uma das quais,e não a menor , terá sido o histórico preconceito dos agentes teatrais em relação a autores oriundos da escrita literária- lembrados, decerto, do célebre e polémico panfleto do encenador francêsz Gaston Baty ( « Sire le mot», de 1926) contra a dominância da palavra no teatro, que lançou um anátema sobre os dramaturgos , a que não escaparam autores como Gide, Mauriac , Giradoux, Montherlant, Sartre, Audiberti, Pinget, Sarraute, Duras e o Beckett das primeiras peças-, há razão para afiramr que o generalizado clima censório temeu a importância da sua voz como denunciadora de um sistema de compromissos e silêncios que amordaçaram , durante bem mais de meio século, o teatro e a vida em Portugal.
in Jorge de Sena, Uma Ideia De Teatro( 1938-71) , de Eugénia Vasques , Edições Cosmos
ps: uma preciosidade este livro, importantíssimo para pensar Jorge de Sena , e celebrar o pensamento sobre o teatro, em concreto a cena portuguesa pela mão de Eugénia Vasques . uma pérola , vendida pelo inacreditável preço de dois euros , numa feira de natal do livro , no metro do porto.
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