quinta-feira, setembro 29, 2005
terça-feira, setembro 27, 2005
Visita aos museus
A propósito da visita gratuita hoje aos museus,o Fazedor de Teatro,publica algumas imagens ; que me são caras.
O primeiro pintor é Schiele,Egon ,célebre por suas mulheres e celebrado nas palavras de Mário Vargas Llosa, no romance " Cadernos de Dom Rigoberto".
Nota: não pretendemos fazer um dossier exaustivo sobre a pintura,ou outras artes visuais,apenas aguçar o apetite ...
quarta-feira, setembro 14, 2005
Algumas reflexões sobre teatro- Cecchi,García e João Garcia Miguel
Nos últimos dias assisti a três espectàculos/exercícios teatrais.
A actividade crítica ,enquanto exercício de reflexão ,e sobretudo de contestação é sempre alvo de demasiadas susceptibilidades.
Sobretudo se parte de um interveniente, que é então facilmente acusado de parcialidade e falta de isenção.
Eu,que defendo acerradamente a ideia de que somos produto de um mapa de afinidades electivas; e que isenção e parcialidade,são metáforas verbais( não somos inócuos a nada,nem a nínguem) resolvi então fazer algumas observações sobre os espectáculos assistidos nos últimos dias, a saber: "Sonho de Uma Noite de Verão"- Carlo Cecchi ; " ,Levantem a cabeça do chão,seuscabrões"-Rodrigo García e "1.Parto"- João Garcia Miguel.
Os três trabalhos têm como denominadores comuns,:serem realizados com jovens atores( os dois primeiros inseridos no projeto Thierry Salmon,que já mencionamos previamente) e o ùltimo como projeto final dos alunos do quarto ano da ESMAE(escola superior de música e artes do espectáculo).
Os alunos da Esmae,ao findarem o quarto ano dividem-se em grupos, e organizam um projeto profissional com um encenador de sua escolha( reforçe-se a importância desta escolha,como defesa de uma estética teatral, dado que até então,trabalham com varíos encenadores,de diversos modos,sendo esta a primeira decisão perante o mercado de trabalho, de um modus operandi); os alunos do Thierry Salmon, são selecionados e dividem-se em dois grupos de trabalho,com dois mestres da cena teatral contemporânea.
A apresentação de Carlo Cecchi,nome eminente do teatro e do cinema italiano,foi lúdica,agradável, simples ,assentando na ideia de "jogo dramático" e "trabalho de actor" .
Os actores, actuavam num palco ,onde estavam também as cerca de 80 pessoas que puderam assistir, dispostas sob a forma de meia-lua.
O cenário era delimitado por um globo,feito de fita adesiva branca,com vàrias cartolinas coloridas dispostas no centro ( a ideia circunférica evoca o antigo Globe,espaço shakesperiano por excelência).
Os atores brincam com a "babel" de línguas ,expondo incorreções ,trejeitos e enunciações típicas dos vários paìses ( o próprio Carlo Cecchi o fez ,com o portugês).
O espectáculo,parece no entanto,querer recusar esse epíteto ,e sob o pretexto de se tratar de um "Curso Intensivo de Formação Teatral" insiste em apresentar-se como um exercício lúdico, das regras elementares de apresentação do ator em cena.
Fica a desilusão, de não termos tido a oportunidade de testemunhar um trabalho mais autoral da parte de Carlo Cecchi,um dos grandes "prosadores" do teatro atual,com uma marca inequívoca.
"Levantem a cabeça do chão,seus cabrões"-vinha envolto sob a àurea de expectativa que acompanha o trabalho de Rodrigo García,fundador da "La Carnicería Teatro".
O enfant terrible da cena espanhola,que a França descobriu e apadrinhou frequentemente( assim como o Citemor- festival de Montemor-o-Velho,onde é presença assídua)abordou ao longo de quase 2h e 30m(!)temas caros ao mesmo: globalização,a anestesia da cultura de massas, o terrorismo, a intolerância, o medo face ao "outro".
Num trabalho político, profundamente incómodo , este trabalho bombardeava o espectador com imagens,ruídos,choque mas sobretudo inquietações,muitas ...
Outra nota positiva: os atores tiveram ,um papel importante na criação deste espectáculo,onde se nota a marca de cada um ( não há como não realçar o magnífico trabalho de Nuno Lopes)e no entanto, fruto de horas de improvisação e liberdade( e um caos aparente e constante) encontra-se um espectáculo,acabado,formalizado, e dirigido a uma plateia específica ( ao contrário de Carlo Cecchi, as frases eram disparadas em portugês " Entregar-se a àlguem é estúpido" "Pedir ajuda traz problemas").
Um nome a reter na cena atual.
Por fim,o espectáculo de João Garcia Miguel com os alunos do quarto ano da Esmae ( um dos núcleos,conforme explicamos anteriormente) a partir de Strindberg.
O trabalho apresenta-se como Parto - textos de João Garcia Miguel a partir de Strindberg.
O espectáculo,falho em todos os apectos,tem logo como premissa esta falácia " a partir de Strindberg".
O espectáculo em nada convoca o universo de August Strindberg,podendo mesmo dizer-se que coloca-se na antítese do mesmo.
Aqui , acolá pontuam frases dispersas de Strindberg,mastigadas,ruminadas em meio a palavrões,e descobertas sexuais constantes dos intérpretes .
Num projeto que anuncia a fantasmagoria de personagens á espera do parto do seu autor( Strindberg)tudo é pulsão,sémên,carne e músculos...não existe poesia,nem metáfora,nem inquietação... nada é explorado até à exaustão..após quadros inconsequentes e desconexos, o espectáculo remata com um quadro burlesco, de mau gosto ,com óbvia inspiração no humor "batanetes" ou "malucos do riso"; e que no seu momento mais alto, é uma cópia ( esbatida) da brilhante sátira conseguida por Ricardo Pais em Ubus ao folclore nacional( entre outras coisas).
Este enfant terrible da cena nacional nunca me convenceu.
sexta-feira, setembro 09, 2005
A não perder- Projeto Thierry Salmon 2005
Hoje e amanhã,apresentações do projeto Thierry Salmon 2005,no Rivoli ,pelas 21.30 (entrada livre).
O projeto Thierry Salmon é a continuação da Ècole des Maîtres ; que visa proporcionar a jovens atores um confronto e um aperfeiçoamento teatral de dois meses , sob a direcção de mestres da cena teatral.
Destaque-se também que o projeto abrange 30 atores de cinco países diferentes, que se apresentam em dois países ; e se dividem em dois grupos de trabalho.
Este ano,o Porto recebe duas apresentações ; hoje ,sob a direcção de Carlo Cecchi " Sonho de uma Noite de Verão"- de William Shakespeare; e
amanhã" Levantem a cabeça do chão,seus cabrões!" sob o comando de Rodrigo García( La Carniceria Teatro).
Duas propostas bem diferentes,mas auspiciosas.
Até lá!
para saber mais: www.ia.pt
www.projet-thierry-salmon.org
www.rivoli.culturporto.pt
quinta-feira, setembro 01, 2005
Leituras- Ensaio
A uníca certeza que gostaríamos de reter antes de terminar,é a da confirmação de que o diálogo não poderá ser (para nós: não deverá ser)senão um rasto,uma marca, a recordação de que qualquer coisa vinda de muitíssimo mais longe,que passou por aqui e que talvez retorne a nós.Ler teatro,ver teatro,será então seguir de perto o teatro.Sem nunca o alcançar,obviamente.
Arnaud Rykner-in " O Reverso do Teatro-Dramaturgia do silêncio da idade clássica a Maeterlinck"
Fundação Calouste Gulbenkian
Pensamento do Dia
Se este blog fosse um jornal seria uma publicação apaixonada e dedicada mas com periocidade irregular.Jamais seria um diário porque falta-lhe metodologia,disciplina e (admitamos) algum interesse em discorrer sobre os assuntos da ordem do dia.Há quem o faça de forma brilhante( Abrupto, A Causa foi Modificada,A Praia,o extinto Barnabé ,etc).
Também não poderia ser um daqueles espaços emocionais de desabafos ,ou confissões de pequenas-grandes-conquistas( a minha tia,fá-lo melhor que nínguem -Madalena Santos)porque a minha vida parece-me sempre insignificante e pequena.
Dividida então entre a tentação de compreender os atritos no Iraque, a causa da Palestina,o porquê de Portugal não ter conseguido renovar-se( a começar pelos dirigentes que se candidatam ás eleições nacionais)ou fabricar versos líricos sobre um coração atribulado,escolhi um terceiro caminho : falar de teatro.
Mas como a resposta : o que é teatro? conhece várias respostas possíveis( e muitas falácias) cedo desisti do desejo megalómano de ser uma agenda extensiva de tudo que se faz no país.
por isso,escrevo menos.escrevo sobre aquilo que faço, e de que me orgulho,e sobre aqueles que me inspiram.
por isso não estranhem os prolongados silêncios.
è que as pausas são o território mais sagrado do Teatro.
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